CENAS DO ÚLTIMO DIA
Público assistindo, público interagindo, público aplaudindo. Foi o que se viu no dia de encerramento da 6ª Bienal Sesc de Dança, durante as apresentações do Coletivo Corpomancia, de Mato Grosso do Sul, Companhia Flutuante, de São Paulo, e do Grupo Corpo, de Minas Gerais.
No trabalho do Corpomancia, um jogo de dança em cena, a improvisação correu solta entre bailarinas e público. Este último pôde escolher a música e o tipo de movimento que queria das “jogadoras” Ana Maria, Franciella, Luiza e Paula, que criaram, na hora, movimentos sobre o mar, peixe e sobre a dança, entre outros, conforme as cartas ia sendo tiradas.
Elas tinham que cumprir as missões do jogo com desafios, como usar só o braço direito. As cores que representavam estavam presentes em peões no tabuleiro. O público viu e interagiu, jogando o dado e dançando junto em alguns momentos, especialmente as crianças, para que as jogadoras pontuassem.
A plateia ajudou na trilha sonora do espetáculo/instalação Corpo Plástico # 8, da Companhia Flutuante. Com um cenário todo feito de plástico bolha, as pessoas ao chegarem ao fosso do teatro e ao se movimentarem estouravam o plástico que emite um som.
Durante a performance criada ao vivo pela bailarina e coreógrafa Letícia Sekito, havia a todo instante a interação da artista com a bobina de plástico. A sonoplastia de Jorge Peña, que usou elementos alternativos como coco, água e vidro, surpreendeu o público a ponto de dividir as atenções entre ele e Letícia. A luz de Ligia Chaim também foi criada no momento do espetáculo.
Finalmente, o Grupo Corpo é um daqueles casos raros que conseguem agradar à crítica especializada e ao público. Os espetáculos Breu e Ímã, apresentados na Bienal Sesc de Dança, comprovaram a afirmação. A força, a técnica, a sincronicidade e a diversidade de movimentos ainda tiram o fôlego da plateia e surpreendem.
Não foi diferente com Breu, que fala de um tema cada vez mais atual no País, a violência. Rodrigo Pederneiras usou o corpo dos bailarinos, as coreografias e os desenhos coreográficos para mostrar o tema, sem obviedades. Com música de Lenine, a violência é retratada com movimentos fortes e bruscos e sentida a cada queda dos bailarinos no chão e a cada confronto de corpos.
Ímã é mais leve e colorido. Abordando as polaridades, usa os duos, entre bailarinos e bailarinas, e também duos só de homens e de mulheres, em simbiose e harmon ia, ora próximos, ora distantes. Os movimentos foram pensados para o encaixe entre os corpos e a sua conexão.Diante de um espetáculo do Grupo Corpo, só resta à plateia assistir e aplaudir muito. (Fernanda Mello)
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