DE PÚBLICO A INTÉRPRETE
Ao escolher assistir à intervenção O Engenheiro que Virou Maçã, em cartaz na área de convivência, achava que seria mais um espetáculo a conferir na maratona da Bienal Sesc de Dança. Ledo engano. Ambientado em uma sala de estar, o trabalho levou-me para dentro do cenário e para o espetáculo. De plateia virei protagonista, ao lado dos intérpretes do Coletivo Construções Compartilhadas, de Salvador (BA), e das demais pessoas que se propuseram a entrar em cena.
De início, fui convidada, assim como a s outras pessoas, a entrar no cenário para assistir ao espetáculo. Fiquei um pouco ressabiada porque não sabia o que iria acontecer. Só os intérpretes sabem do roteiro. Mas, passado o tempo, os personagens tornam-se familiares e ficamos à vontade com a situação. Quando dei por mim, de observadora passei a interagir com os bailarinos, deram-me bala e água, deitaram no meu ombro, me observaram.
Na verdade, não é uma história linear. São acontecimentos (até o nada entediante) que vão se desenrolando naquele espaço em duas horas e meia, mostrando o ser humano, bem de perto, seus sentimentos e reações.
De forma sutil e bem planejada com a direção e a coreografia de Duto Santana, nos é passada a nossa relação com o outro e as coisas óbvias e nem tão óbvias que podem dar-se em uma sala de estar, sentar no sofá e no chão, deitar, escrever e…. Confesso que, por alguns momentos, fiquei um pouco cansada, mas a curiosidade de saber o que viria pela frente manteve-me firme. E, quando menos esperava, algo acontece.
Mesmo sabendo o roteiro, Rita Aquino, uma das intérpretes, diz que até para os bailarinos há surpresas e improvisos devido à interação com o público. Nunca se sabe o que pode se passar em uma sala de estar. Quem vai chegar. E como essa pessoa vai transformar o ambiente e o espetáculo. (Fernanda Mello).
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