A DANÇA NO ESPAÇO
Casarão de 1865, recentemente restaurado, seu estilo neoclássico parece que foi construído para abrigar esses dois exemplares genuínos da dança contemporânea. O amplo espaço de pé direito elevado e colunas de sustentação foi perfeito para a instalação do assoalho em que Thembi dançou durante quase uma hora. Acima do piso especial inspirado no Palácio de Ninomaru, em Kyoto (Japão), coube o telão que exibia com detalhes os movimentos dos pés e das tábuas do assoalho, que funciona como um sistema de alarme.
Cada passo e movimento executados, um som é tirado do piso, como um piano de pés. Thembi regeu uma sinfonia complementada pela música e o telão. Vários elementos, todos em sintonia e equilíbrio. A bailarina, coreógrafa e pesquisadora mostrou os sons que emanam do corpo e da sua ação, o que ele pode produzir, interpretar, falar.
Da porta de entrada até as largas colunas da Casa da Frontaria, tudo foi aproveitado com maestria por Carlos Arão, Letícia Carneiro, Marise Dinis e Rodrigo Quik, os intérpretes de Clariceanas, espetáculo inspirado na obra de Clarice Lispector.
As colunas serviram de elemento de cena e de apoio para o desenvolvimento de trechos das coreografias e nos momentos de pausa dos bailarinos. Combinando intensidade e leveza, Quik transpôs o universo de Clarice, devaneios e realidade, no espaço de sombras e luz da velha casa.
PS 1: Esta é a segunda vez que assisto ao Quik na Bienal Sesc de Dança, e o grupo segue impressionando
por suas coreografias surpreendentes e nada óbvias e pela sua constante experimentação de novas formas de dançar e expressar.
PS 2: Torço para ver em breve mais espetáculos de dança contemporânea na Casa da Frontaria Azulejada. (Fernanda Mello)
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