CÉLIA FAUSTINO
A interpretação dessa bailarina santista foi exercício questionador da existência: a mobilidade, o disfarce, a “mimesis” pela gestualidade da Vida em toda sua ambigüidade fazem evocar Heidegger: “A disposição para a angústia é o sim ‘a insistência para realizar o supremo apelo, o único que atinge a essência do homem”. Olhar o abismo e sobreviver a essa mirada do espanto diante do Absurdo da nossa condição. Sua performance evoca a resistência tão bem expressa por mestre João Cabral de Mello Neto: “Fazer o que seja é inútil. Não fazer nada é inútil. Mas entre fazer e não fazer, mas vale o inútil do fazer”. O cotidiano como mito de Sísifo: reencetar a marcha do vazio refletido na luz do nada. Foi um dos destaques da Mostra na Pinacoteca Benedito Calixto. (Flávio Viegas Amoreira)
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