ESPETÁCULO OU ENSAIO?
Os assíduos da programação da Bienal Sesc de Dança devem estar observando uma característica em comum entre os espetáculos, intervenções e instalações. A dança contemporânea mudou e continu a mudando o próprio conceito de dança.
Nesses dias de Bienal, o público tem visto o movimento propriamente dito, mais puro e menos quadrado. Coreógrafos falam em roteiro, estrutura coreográfica, que, no entanto, vão ganhando novos contornos de acordo com tempo, espaço e público.
O espetáculo Ensaio, do Projeto DR, de São Paulo, apresentado na caixa-preta do Sesc (por sinal, um belo “teatro” construído temporariamente na convivência), brinca com a questão de como se monta um espetáculo, mostrando um ensaio ao vivo ao público. Todas as repetições, falhas e questionamentos de suas participantes são vividas, ora com profundidade, intensidade, dor e humor, por Laura, Mara, Sheila e Tarina.
Em Ensaio fica clara a movimentação do corpo livre criando e traduzindo uma ideia, intenção e sentimento. Para que a dança aconteça e o corpo passe o seu recado, não é mais preciso uma cadeia de movimentos sequenciados, estéticos e ritmados por uma canção.
Basta a expressão que pode vir do corpo e do texto. As quatro intérpretes questionam-se sobre o seu processo criativo e, ao final, pedem comentários da plateia sobre o ensaio, confundindo o próprio público sobre o que é espetáculo e o que é ensaio. (Fernanda Mello)
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